quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

As dobras da Vida

ღ As dobras da Vida ღ Origami
Os monges asiáticos dizem que passamos por momentos marcantes e significativos em nossas vidas, a que chamam de dobras. Por exemplo: quando passei no vestibular, quando me formei, meu primeiro amor, o nascimento dos meus filhos, quando conheci meu esposo, onde trabalhei, meus amigos… Algumas de minhas dobras. É claro que a vida é real e de viés. Por isso, as dobras são sempre diferentes para as pessoas porque diferentes são suas histórias. Há gente cuja vida se resume a um papel sulfite liso, sem uma ruguinha sequer. Gente que passa a vida reto, sem dores ou alegrias marcantes. E por opção. Particularmente, penso que seja uma triste escolha, pois a alma que não se movimenta cria mofo, fica cinza. São pessoas que encaram mudanças como o fim do mundo, como os navegadores do século XVI que achavam que o mar acabava num abismo no horizonte. Se há quem opte pela planitude da vida, há quem goste da plenitude. São pessoas que se sabem responsáveis por suas dobras. Criam situações, buscam movimentos, anseiam por novos ares e desafios. Muito açúcar lhes enjoa. Experimentam mais e por mais experimentarem aumentam a probabilidade de dobras na sua existência. Não suportam durex externo lhes limitando as pontas, ávidas que são suas almas por dobraduras. Admiro quem é assim, apesar de me considerar no meio caminho entre os dois extremos. Gosto de dobras. Elas não me deixam esquecer de que estou vivo. Mas minhas dobras, reconheço, precisam de certa temporalidade para serem curtidas, gastas. Não gosto de dobras cujos vincos não se consolidam e nem gosto de dobras que de tão velhas amarelam, marcando na alma uma nociva imobilidade longeva que pui o fio da existência. Na metáfora, o papel é a vida, as dobras os momentos que fazemos ou que fazem para nós.
O origami, do japonês ori (arte) e kami (papel), é uma arte que precisa ser aprendida. Assim como viver. Podemos deixar a vida passar lisa e em branco. Podemos deixar que as dobras se apresentem feitas por outros. Podemos, no entanto, tomar em nossas mãos, literal e metaforicamente, as dobras de nossa existência e conduzir os movimentos em direção à imagem da vida pensada por nós e para nós. Fato é que a decisão é nossa. Ser feliz é um direito inalienável de cada um. Como diz a música: cada ser, em si, carrega o dom de ser capaz de ser feliz. No fim da vida, quando as mãos trêmulas abrirem a caixinha da nossa história, nossos olhos encontrarão uma folha de papel. Pode estar em branco, intacta. Mas certamente a vida terá tido mais sabor se estiver dobrada e cada dobra ativar nossos lugares de memória. Recordar significa etimologicamente passar de novo pelo coração. Terá vivido uma vida mais feliz quem segurar, mesmo com o tremor das mãos, seu origami particular e olhar, mesmo com a vista cansada pelo tempo, cada dobradura de sua existência com carinho e com uma saudade aconchegante, que areja o coração. É preciso desejar que a figura final da vida valha a pena. E dá para fazer valer a pena. É melancólico olhar um papel em branco nas mãos no fim de tudo. Há ainda tempo de novas dobras. Está esperando o quê? (autor desconhecido)
A todos que fazem parte das dobras de Minha Vida... "Sempre ganha quem sabe amar apoiar e perdoar, e não quem sabe e tudo julga"(Henriche Heine) Imagem: ღEu Fiz estes origamis 3D ღ

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